quinta-feira, 11 de outubro de 2007
fantasias tristes entranhadas nas antigas aventuras de antonico
as buzinas contra a vida mais garrida
por que é proibido pisar na grama?”
Jorge Ben
a vida mais garrida
as buzinas
essa viajante cultura emergente banalizada em desenvolvimento sustentável pelos relações públicas, inserida num programa publicitário de votos, preocupação iluminada de uns poucos que pelos mais diversos caminhos chegaram a óbvia conclusão de que tudo vai de mal a pior. que o mundo está se desmanchando com a ciência e a ciência gerando dinheiro, e a ganância nos sufocando num mundo com tanta chuva. por que de um ano pra outro essas coisas parecem ganhar um valor, um preciosismo que nos distancia do mato? por que é proibido pisar na grama? de longe parece mais fácil analisar o crescimento desenfreado e despreocupado. vendo o verde sobrepujar o cinza, vendo a utopia de uma resistência e relação harmônica existente desde nosso sempre acabando aos poucos: extinções e relíquias naturais preciosas.
dentre milhões de buzinas tocando numa dissonância irritante e viciada, a fina flor da intelectualidade contemporânea, após vidas de estímulação mental, concebe audaciosos projetos de lucros inimagináveis pro avanço, leia-se econômico - porque o tal desenvolvimento sustentável vira uma outra bandeira para o povão, um novo sorriso pra multinacional.
pouca coisa que vai e vem
o pouco que falta,
pra encontrar o que
que faz passar a existência
sabendo do que se passou.
se viajam e pouco sabem
ou se vigiam e pouco produzem;
qualquer um dos que diga
que fez ou tratou o suficiente
nem foi muito além na busca
de quem não foi, mas viveu.
viveu qualquer parada do tempo,
qualquer bom momento,
de todos os passos do mundo:
uma cena que congelou
e um acalanto que sobrou.
numa passada memória palito
numa passada vida febria
em que se procurou, procurou, e não achou.
de plano em plano vagam e vão
febris congelados no lugar;
se esbarrando em pensamentos,
se esbaldando em teorias
de todos os cantos do mundo
que lamentam ao ouvir
tudo que ficou só na existência,
que ardeu mas não queimou
estagnado numa existencia tardia,
no fim do canto de algum:
algum verdadeiro bom momento,
de um verdadeiro bom lugar
que nem ousamos imaginar
o fim de um conflito arcaico:
pouca coisa que vai e vem.