terça-feira, 16 de junho de 2009

bandeiras

radio

pra varrer a opacidade do cômodo, da manhã, e do silêncio, num gesto gingado e viciado, achou com o pé o botão vermelho do som, que chiava: ...um menino cresceu entre o afã e a curva, entre a carne e a ficha... subindo em pedreiras ‘quiném’ lagartixa... boréu, juramento, urubu, catacumba, nas rodas de samba, beirando a macumba... o dia clareou, o galo já de longe cantou, é hora... vou ter que trabalhar... não posso mais sonhar... a cama está desfeita mas eu não dormi... não posso mais sonhar... mas só até as dez... só até as dez... e o desatino invejoso do rádio: quem não inveja a infeliz, feliz, no seu mundo de cetim, assim, debochando da dor, do pecado, do tempo perdido, do jogo acabado... bandeiras se desmanchando...

Nenhum comentário: